SÃO PAULO, SP - Após a especulação eleitoral que levou o Ibovespa a subir mais de 2% na sexta-feira, o mercado opera em leve alta nesta segunda-feira.
Segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, o mercado se antecipou as pesquisas e, mesmo após divulgação Datafolha que mostra um possível segundo turno na eleição presidencial, a Bolsa brasileira se ajusta após a alta de semana passada.
O principal índice acionário do país subia 0,60%, aos 57.307 pontos às 12h20 (de Brasília). De acordo com André Morais, analista da Rico Investimentos, o mercado sempre tenta se antecipar as pesquisas e, por isso, as possibilidades de um segundo turno e do desempenho de Marina Silva (PSB) já influenciaram o pregão na sexta-feira.
"Parte do que saiu [na pesquisa Datalfolha] já tinha sido precificado na sexta-feira, a Petrobras cai um pouco, já que na sexta subiu cerca de 8%. Então hoje você tem uma acomodação de preços, porque o que justificou a alta na sexta-feira foi o fato da Marina Silva forçar um possível segundo turno", afirma.
De acordo com o Datafolha, Marina Silva entra na disputa com 21% das intenções de voto. Ela larga em segundo lugar na corrida presidencial, um ponto à frente de Aécio Neves (PSDB) -o que os coloca em situação de empate técnico- e 15 pontos atrás de Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT.
O mercado constantemente tem demonstrado insatisfação com a forma em que o atual governo tem gerido as estatais, especialmente em relação à demora para reajustar os preços dos combustíveis, no caso da Petrobras.
Na sexta-feira, os papéis preferenciais -mais negociados e sem direito a voto- da Petrobras terminaram o pregão com valorização de 7,85%, valendo R$ 20,06 cada um. Foi o maior avanço desde 6 de junho, quando ganhou 8,33%. Já as ações ordinárias da petroleira, com direito a voto, subiram 7,78%, a R$ 18,84.
Já nesta segunda, as ações preferenciais da Petrobras tinham queda de 0,75%, a R$ 19,91, enquanto que as ordinárias caíam 0,80%, a R$ 18,69.
Em relatório divulgado nesta segunda-feira, a Gradual Investimentos afirma que o mercado irá tentar entender as políticas econômicas de Marina Silva, principalmente acerca das estatais e de ajustes fiscais. Já para a consultoria XP Investimentos, a candidatura de Marina Silva pode "derrotar os planos de reeleição do PT".
Segundo André Morais, o mercado irá se ambientar com a nova ordem eleitoral no final desta semana. "Eu acho que está muito cedo, os investidores não conhecem a Marina [Silva] tão bem na parte econômica porque ela nem candidata é. A formação da equipe econômica dela será muito importante para o mercado, que vê nela a possibilidade de trazer um segundo turno", diz.
Dentre as principais altas, estavam os papéis de TIM, com ganhos de 3,02%, a R$ 11,26 e JBS, com 2,44%, a R$ 9,22. Já entre as baixas, destaque para Cemig, com queda de 1,29%, a R$ 19,20 e Qualicorp, com -1,21%, a R$ 27,81.
CÂMBIO
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, operava em queda de 0,33% sobre o real, cotado a R$ 2,262 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedia 0,38%, a R$ 2,260 às 12h15 (de Brasília).
De acordo com Reginaldo Siaca, da Advanced Corretora, o desempenho é discreto pois o possível segundo turno nas eleições acalmou o mercado. Além disso, não há novidades no cenário geopolítico mundial.
"O mercado hoje está com baixa liquidez. É cedo para saber, mas a possibilidade do segundo turno já fez com que o mercado se acalmasse. Mas ninguém ainda sabe para onde a Marina [Silva] vai, então não traz mudanças significativas nesta segunda-feira", afirmou.
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