BRASÍLIA, DF - As concessões de crédito com desconto em folha de pagamento, o consignado, dispararam em outubro. Segundo o Banco Central, houve um movimento intenso de renovação de operações dentro das novas regras aprovadas pelo governo para esticar esses financiamentos.
Entre setembro e outubro, a liberação desses empréstimos cresceu 47% para servidores públicos e 58% para beneficiários do INSS.
No final de setembro, o governo elevou o número máximo de prestações no consignado para servidores de 60 para 96 meses. No INSS, o limite de parcelas subiu de 60 para 72 meses.
"Foi uma renovação de operações. O consignado já vinha em ritmo superior à média. Em outubro, houve um crescimento mais significativo", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. "Depois desse crescimento, devemos ter um ritmo menor [nos próximos meses]."
Em apenas um mês, o prazo médio das concessões do consignado subiu de 55 para 63 meses.
Maciel afirmou que não há preocupação do governo em relação a um possível aumento de calotes por causa desses prazos maiores. Segundo ele, a inadimplência de consignado (2,5%) nunca foi um problema e sempre esteve abaixo da média das outras linhas para pessoas físicas (4,2%).
CHEQUE ESPECIAL
A taxa média de juros do cheque especial subiu pelo segundo mês seguido, para 188% ao ano. Esse é o maior valor desde abril de 1999, quando estava em 194% ao ano. O maior percentual registrado pelo BC desde o Plano Real são os 294% ao ano de julho de 1994.
Maciel afirmou que a participação do cheque especial é bastante restrita, pois representa apenas 3% do estoque pessoa física. "É uma modalidade que deve ser usada com bastante parcimônia e em momentos bastante específicos, por se tratar de uma modalidade de custo elevado e que tem, nos últimos meses, ampliado esse custo", afirmou.
Segundo Maciel, uma das razões para a alta recente dessa taxa de juros é o aumento da inadimplência, que passou de 8,7% para 10,7% entre outubro de 2013 e de 2014.
VEÍCULOS
As concessões de crédito para compra de veículos por pessoas físicas atingiram os maiores valores do ano em setembro e outubro e cresceram 10% na média desse período em relação aos dois meses anteriores. Segundo o BC, o resultado reflete as medidas de liberação de recursos para essa modalidade.
Foram liberados nesses dois meses, respectivamente, R$ 8,5 bilhões e R$ 8,6 bilhões.
O estoque dessa modalidade de financiamento mostrou queda de 0,1% na comparação entre setembro e outubro, resultado que o BC destacou como positivo, considerando a queda mais acentuada em meses anteriores. No ano, essa carteira encolheu 5%.
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