IPATINGA, MG - Em Minas Gerais hoje para autorizar obras viárias, a presidente Dilma Rousseff aproveitou discurso para direcionar ataques a adversários -sobretudo ao senador e pré-candidato ao Planalto pelo PSDB, Aécio Neves.
A presidente fez uma espécie de desabafo ao afirmar que o governo federal não deve ser o único alvo de cobranças por atrasos em obras prometidas.
Dilma esteve em Ipatinga, cidade do Vale do Aço mineiro, onde foi autorizar obras para a duplicação do trecho norte da BR-381, que liga Belo Horizonte a Governador Valadares e é conhecida como "rodovia da morte".
A lentidão na duplicação da estrada vem motivando embates políticos entre os governantes de turno e a oposição -discussões que nos últimos anos envolvem PT e PSDB.
Dilma disse que deseja fazer mais obras em Minas e citou, entre elas, a do novo anel rodoviário de BH. Como parte do projeto depende do governo mineiro, ela afirmou, em tom de desabafo, que o governo estadual deve ser cobrado também pelo empreendimento.
"Tenho escutado que tem gente queixando que o anel rodoviário está atrasado. Ora, se tiver atrasado, eu sugiro que se cobre o governo de Minas também pelo atraso. Porque na hora de a gente fazer os acordos e passar os recursos, todo mundo quer. Na hora de cobrar, só nós somos cobrados? Que história é essa?", afirmou.
"Eu respondo pelos meus atos, mas não posso responder pelos outros. Até entendo o atraso, porque eles também não tinham projeto", acrescentou a presidente, que citou nominalmente o governo de Minas que até o mês passado foi comandado diretamente pelo PSDB e desde então passou para as mãos de um aliado de Aécio, o governador Alberto Pinto Coelho (PP).
A presidente reconheceu que há atrasos em obras no país, e atribuiu esses problemas a uma suposta falta de projetos em todos os níveis de governo. Afirmou que agora todos estão "correndo atrás".
A demora na duplicação da BR-381 vem sendo motivo de críticas do PSDB-MG, controlado por Aécio. Ao discursar durante 42 minutos hoje -o discurso mais longo que ela já fez em Minas como presidente-, Dilma lembrou que a obra foi um compromisso de campanha que assumiu e que agora começa a entregar, embora com um ano de atraso.
E disparou contra os rivais do PSDB, sem citar nomes, mas se referindo ao tempo de oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002): "Aqueles que criticam qualquer atraso, vão ter de responder porque nos oito anos que estiveram à frente do país não fizeram essa rodovia, que há muito tempo era necessária".
Também sem mencionar nomes, ela voltou a fazer uma crítica indireta a Aécio, que recentemente criticou a política federal de concessão de benefícios a empresas via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Afirmou que se opor aos subsídios é ir contra os incentivos à indústria, à agricultura e a programas como o Minha Casa, Minha Vida.
PSDB
Em nota, o PSDB mineiro disse que a visita de Dilma foi realizada "para enrolar os mineiros". Disse que a duplicação da BR-381 era promessa da campanha de Dilma de 2010 e "já deveria estar pronta para ser entregue à população". Afirmou ainda que outras obras viárias no Estado, como a do metrô e a do anel viário de BH, "até hoje deram em nada em matéria de resultado".
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