Justiça Federal irá investigar dinheiro apreendido com assessor de senador

JOÃO PEDRO PITOMBO
SALVADOR, BA - A Polícia Civil da Bahia irá remeter à Justiça Federal nesta quarta-feira (17) o inquérito instaurado após a apreensão de R$ 180 mil com um assessor do senador e candidato ao governo do Piauí Wellington Dias (PT).
"Da minha parte, o caso está encerrado. Agora cabe à Justiça Federal atuar para descobrir a origem do dinheiro", disse o delegado Francisco Sá, de Barreiras (BA), responsável pela apuração do caso na Bahia.
José Martinho Ferreira de Araújo, lotado como motorista no gabinete do senador Dias, foi detido no interior da Bahia na quinta-feira (11) com R$ 180 mil em notas de cem escondidos debaixo do banco traseiro do carro.
Araújo afirmou ser o dono do dinheiro, que usaria para comprar "uma propriedade rural, bodes e cabras", e negou ligação da quantia com o senador.
Wellington Dias informou não ter "qualquer relação com o fato". Disse que o motorista estava em férias, em viagem pessoal, sem relação com o Senado.
DINHEIRO RETIDO
O assessor do senador foi liberado pela polícia ainda na semana passada, mas o dinheiro continua retido.
Os R$ 180 mil apreendidos foram depositados pela polícia numa agência da Caixa Econômica Federal em Barreiras, em regime de custódia fixa.
O delegado Sá diz já ter pistas sobre a origem do dinheiro, pois os maços de notas de dinheiro estavam envolvidos em fitas --chamadas de cintas de cédulas-- com a logomarca do banco Bradesco.
Também nas cintas que envolviam o dinheiro constavam carimbos da empresa de transporte de valores Prosegur, com a data de 7 de setembro e o nome da cidade de Brasília.
QUEBRA DE SIGILO
Nesta terça (16), a coligação do candidato ao governo do Piauí José Filho (PMDB), que tenta a reeleição e polariza a disputa com o senador petista, entrou com pedido de abertura de inquérito na Justiça Eleitoral para a quebra de sigilo bancário e telefônico do assessor de Dias.
Os advogados do candidato argumentaram que é preciso saber a origem do dinheiro e se os R$ 180 mil apreendidos têm alguma relação com as eleições.