RIO DE JANEIRO, RJ - Com medo de perder apoio de eleitores evangélicos, aliados do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) reclamaram do tom agressivo de sua campanha contra a Igreja Universal, numa tentativa de atingir o rival do segundo turno, Marcelo Crivella (PRB).
Na segunda-feira (13), deputados do PMDB disseram temer que os ataques afastem fieis de outras igrejas.
Nesta terça (14), Pezão manteve as críticas à Universal em debate na rádio CBN, mas focou em crimes financeiros supostamente cometidos pelo rival em favor da igreja.
O governador citou processos já arquivados envolvendo duas empresas de Crivella, registradas em paraísos fiscais, e o uso de seunome para a compra de duas afiliadas da TV Record.
"Você é testa de ferro do bispo Macedo [fundador e principal líder da Universal]", disse Pezão.
Crivella rebateu dizendo que Pezão tem medo de perder a eleição e foi orientado pelo antecessor Sérgio Cabral (PMDB) para atacá-lo.
"Não é da sua índole fazer essas injúrias. Isso é coisa do Cabral que fica influenciando você a tentar a ganhar as eleições com injúrias."
Na primeira semana do segundo turno, a campanha peemedebista na TV buscou apontar Crivella como representante na política de bispo Edir Macedo, tio do senador.
O PMDB usou seus dez minutos para reprisar reportagem da TV Globo, exibida em 1995, na qual Macedo ensina pastores a convencer fiéis a doar dinheiro para a igreja.
Nas inserções diária, mostrou o símbolo da Universal, e fotos de Crivella e Macedo com o questionamento: "Você quer o sobrinho do bispo Macedo governando o Rio?"
Na avaliação do PMDB, Crivella conseguiu no primeiro turno se descolar da imagem de Macedo. Sua rejeição era 15%, enquanto em eleições anteriores superava os 30%.
Os vídeos, contudo, foram considerados agressivos por parte da bancada evangélica. Para um deputado do PMDB que pediu anonimato, o modo como a crítica foi feita afasta os fieis como um todo.
Agora, Pezão pretende exibir na TV depoimento de pastores que o apoiam, como Abner Ferreira (Assembleia de Deus) e Valdemiro Santiago (Mundial do Poder de Deus).
"Sempre governei para todos, sempre fiz o bem sem olhar a quem. Ao contrário do Crivella, do bispo Macedo e de sua organização", disse Pezão na TV na segunda (13).
Crivella nega que Macedo possa interferir em seu governo e criticou Pezão. "Todos temos liberdade religiosa. Cada um escolhe a sua e isso não é crime. Ele faz acusações injuriosas, pesadas e vai responder na Justiça por isso."
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